Não há nada mais sério no nosso sentimento do que sabermos que a nossa vida poderia ter sido diferente.O meu pai, natural do Rio de Janeiro, um Carioca de gema, nascido ali para os lados de Botafogo, mais propriamente na rua São Clemente, teria sido registrado com o bonito nome de Fernando Horta e Valle Ferraz.A convivência dos meus avós - a Dona Rosa e o Senhor Fernando - tremia então. O samba morava perto. E foi num samba que o meu avô, atracado a uma mulata bamboleando no samba, viria a balançar todo o coreto, derrubando todos os sonhos da dona Rosa que, para não matar a mulata, pegou no meu pai e mandou-se para Portugal.As mulheres daquele tempo eram bravas.Em chegando a Portugal, a Ponte de Lima, de tanta raiva que sentia, a vovó resolveu fazer novo registro de nascimento de meu pai, trocando-lhe o pomposo FERNANDO HORTA E VALLE FERRAZ, pelo pacato e humilde DOMINGOS RODRIGUES LIMA, com o qual conviveu e, ao que parece, muito bem, até aos 77 anos!A discrepância é tão grande quanto enorme foi a influência da Mulata.Se algum membro da familia Horta e Valle Ferraz estiver perto, receba, a título de cumprimentos, o meu ADN!Seria caso para assinar: Manoel Carlos Horta e Valle Ferraz
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
A DOÇURA DA VIDA
Há pouco tempo editei, particularmente, um livrinho de memórias. Pedi a meu filho que fizesse uma pequena referência. Vejam só que doçura:
...Êste é o meu pai. Quando o conheci ele tinha 44 anos. Era ainda uma imagem obrigatória na minha cabeça para depois se tornar algo mais real ao ponto de eu me convencer que ele é que me tinha parido e não a minha mãe! A avaliar que, na prática, foi ele que tratou de mim desde a muda das fraldas. Da minha mãe tenho as lembranças muito escondidas no paladar do leite materno que não me fartei até aos meus nove meses. Depois então, outra vez o “velho” a tratar das minhas “lautas” refeições.Nasci em Berlin mas logo ele seria transferido para Vigo, Espanha. Embarquei nessa viagem para descontentamento da minha mãe que me levaria de retorno a Berlin , onde vivi até os 12 anos quando então, por acordo dos dois, já separados, eu ficaria com o meu pai em Portugal novo posto de trabalho do meu pai, no Porto e depois, Lisboa. Aqui começou o nosso verdadeiro relacionamento e com toda a felicidade que sinto de ter sido assim, atendendo que a minha mãe era muito severa, organizada demais, louvável isso, mas que transtornava o meu sonho de sair da Alemanha e viver com o meu pai. Infelizmente, a minha mãe, por doença grave, está hoje, tenho certeza, no céu.Pedi então que este livro, simples eu sei, fosse dedicado a ela que não ligava nada para o que o pai escrevia nem, diga-se de passagem, às vezes, falava!Mas agora, certamente, apesar das lágrimas que escondo,pelas palavras que voam, alguma coisa deverá chegar lá, naquele lugar grandioso. São estas palavras que posso escrever como gratidão aos dois que tanto amo.
Ruben
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
O MENINO DO RIO
O areal, naquele tempo, era muito maior. Pelo menos era essa a ideia que eu tinha. Quando somos criança tudo nos parece de espaços mais amplos. Ainda me recordo que estava para chegar a Luanda um tio que eu conheci no meu tempo de menino. Antes de ele chegar eu dizia para os meus amigos que chegaria o meu tio Manuel, homem muito forte e muito alto. No dia em que ele chegou fiquei sem palavras. O tio Manuel tinha diminuido, causando a galhofa dos meus amigos: - "esse é que é o teu tio forte e alto?"
O areal era o palco de todas as manifestações do pessoal que morava ali por perto, nos bairros: Passeio, Arrabalde, Pinheiro e Pereiras. Além da feira que ocorria quinzenalmente, e a instalação da tenda do circo, nas Feiras Novas, jogava-se ali futebol, praticava-se todo o tipo de atletismo por parte da criançada. E, no Verão, na areia branquinha junto ao rio, era a nossa praia.
No dia da Vaca das Cordas, terminava sempre no areal o evento, com toureio e pega do garraio, que deixava quase sempre alguem com doloroso traumatismo de merecida e valente cornada.O Rio Lima lá ao fundo, alheio a tudo, envolvido em sua sinfonia, deslizava sereno e cristalino rumo a Viana.
Manoel Carlos
Sun Iou Miou - a dona da Foto,
O MENINO DO RIO LIMA lembranças
Curiosidade é, quem sabe, um defeito nas pessoas! Por mim, penso que não. É bom termos uma dose, não exagerada desta "virtude". Não acha Dona Sofia? D. Sofia era a minha mãe que, diga-se de passagem, era a curiosidade em pessoa!Mas aqui vai a razão desta referência.Nos meus tempos de criança, quase adolescente, brincava tirando partido da curiosidade das pessoas.Na minha Vila, pacata, naquele tempo, serena, pobre quase sem nada, só a beleza!
Desprovida de qualquer atracção a não ser o seu rio lindo, o areal branquinho, os dias de feira e os carros de bois!A garotada, para sobreviver tinha que inventar! E como eu inventei, Nossa Senhora!Era eu e o Mandinho da Euridice. Por tudo e por nada nossa gargalhada era fácil!E era precisamente nos dias de feira, quando aquela gente toda descia à Vila, que nós dávamos azo à nossa folia. Hoje parece uma "bobagem" mas naquele tempo era divertido. Não tinhamos televisão; não existia ainda e só uma vez por semana havia cinema mas faltavam sempre os 15 tostões para a entrada!E pronto lá vem a exploração da curiosidade dos "parolos". E era dia de feira!Corríamos para o chamado paredão da feira do gado e dali olhávamos o céu apontando sempree dizendo: - Ai ó lha ó!
Não estás a ver? Olha, olha outra vez!E pronto estava armado o nosso espetáculo, a nossa diversão, a nossa folia.Ia se juntando gente. Primeiro uma, duas e lá vem mais. Todos olhando na direcção que nós apontávamos. Alguem já dizia: - Ai ó lha ó, eu também vejo! E perguntava para o resto das pessoas: - Não estão a ver?Era aí que eu e o Mandinho saíamos e íamos fazer a mesma coisa mais duzentos metros abaixo. E assim sucessivamente, até que milhares de pessoas ficavam mortas de curiosidade por saber o que raio estava acontecendo lá no alto!E nós dois, felizes da vida íamos para a Lapa espreitar as mulheres que faziam xixi, em pé, de pernas abertas sem levantar as saias! Só por curiosidade!
Naquele época as mulheres do Minho eram relutantes quanto ao uso de calcinhas ou cuecas o que, aliás, ainda hoje são, no que respeita ao uso do "fio-dental"...Eu acho que elas queriam ou ainda querem que tanto as saídas como as entradas estejam sempre a modos de terrenos livres...E aqueles terrenos... minhotos são tão agradáveis!
Bem haja mulher do Minho!
Desprovida de qualquer atracção a não ser o seu rio lindo, o areal branquinho, os dias de feira e os carros de bois!A garotada, para sobreviver tinha que inventar! E como eu inventei, Nossa Senhora!Era eu e o Mandinho da Euridice. Por tudo e por nada nossa gargalhada era fácil!E era precisamente nos dias de feira, quando aquela gente toda descia à Vila, que nós dávamos azo à nossa folia. Hoje parece uma "bobagem" mas naquele tempo era divertido. Não tinhamos televisão; não existia ainda e só uma vez por semana havia cinema mas faltavam sempre os 15 tostões para a entrada!E pronto lá vem a exploração da curiosidade dos "parolos". E era dia de feira!Corríamos para o chamado paredão da feira do gado e dali olhávamos o céu apontando sempree dizendo: - Ai ó lha ó!
Não estás a ver? Olha, olha outra vez!E pronto estava armado o nosso espetáculo, a nossa diversão, a nossa folia.Ia se juntando gente. Primeiro uma, duas e lá vem mais. Todos olhando na direcção que nós apontávamos. Alguem já dizia: - Ai ó lha ó, eu também vejo! E perguntava para o resto das pessoas: - Não estão a ver?Era aí que eu e o Mandinho saíamos e íamos fazer a mesma coisa mais duzentos metros abaixo. E assim sucessivamente, até que milhares de pessoas ficavam mortas de curiosidade por saber o que raio estava acontecendo lá no alto!E nós dois, felizes da vida íamos para a Lapa espreitar as mulheres que faziam xixi, em pé, de pernas abertas sem levantar as saias! Só por curiosidade!
Naquele época as mulheres do Minho eram relutantes quanto ao uso de calcinhas ou cuecas o que, aliás, ainda hoje são, no que respeita ao uso do "fio-dental"...Eu acho que elas queriam ou ainda querem que tanto as saídas como as entradas estejam sempre a modos de terrenos livres...E aqueles terrenos... minhotos são tão agradáveis!
Bem haja mulher do Minho!
domingo, 27 de dezembro de 2009
Um samba de Roberto Silva
Vejam só este jornal
o maior Hospital
porta-voz do bang-bang
e da Polícia Central
Tresloucada semi-nua
jogou-se do oitavo andar
porque o noivo não comprava
maconha para ela fumar.
Um romance amoroso
com os retratos do casal
um bicheiro assassinado
em decubito dorsal
Cada página era um grito
um homem jogado ao Mangue
falta só espremer o jornal
para sair sangue sangue sangue
Vejam só este jornal
o maior Hospital
porta-voz do bang-bang
e da Polícia Central
Tresloucada semi-nua
jogou-se do oitavo andar
porque o noivo não comprava
maconha para ela fumar.
Um romance amoroso
com os retratos do casal
um bicheiro assassinado
em decubito dorsal
Cada página era um grito
um homem jogado ao Mangue
falta só espremer o jornal
para sair sangue sangue sangue
O SAPO
Träume der Träume
Weit von meine "cogitações", denen diese Mitschuld zwischen meinem Blick und von es es einige Zeit diese Verrücktheit umwandelt, die ich, nur in eine Schimäre oder in Traum glaube
schließlich realisierbar.
Weise in meiner Phantasie und ich kreuzen nur Träume der Träume nur…
Aber in jedem Traum bildet es mit diesem Frosch in der Hand, um mir zu glauben, daß der Frosch ich sind
und jederzeit öffnet mich köstlich, capriciously mein Bauch!
Weit von meine "cogitações", denen diese Mitschuld zwischen meinem Blick und von es es einige Zeit diese Verrücktheit umwandelt, die ich, nur in eine Schimäre oder in Traum glaube
schließlich realisierbar.
Weise in meiner Phantasie und ich kreuzen nur Träume der Träume nur…
Aber in jedem Traum bildet es mit diesem Frosch in der Hand, um mir zu glauben, daß der Frosch ich sind
und jederzeit öffnet mich köstlich, capriciously mein Bauch!
Postado por Manoel Carlos Horta e Valle Ferraz
sábado, 26 de dezembro de 2009
Elegantérrima, alta, loura, olhos azuis, caminhar firme, de modelo na passarela. Rosto cuidado, sereno, donotando-se, todavia, infalíveis e ténues danos impostos por voadoras primaveras. Insignificantes reminiscências. Apenas o seu corpo firme, pernas longas e uns gêmeos de suscitar inveja às mais jovens e a causar -me ímpetos de conquista. Fui à luta.Ela morava no sexto piso e eu no 4º do mesmo prédio. Era inevitável o nosso cruzamento quase diário e impossivel conter a minha mirada sempre que ela passava.Comecei por arriscar uma saudação mas seria uma outra amiga que iria me aproximar da "señora".Divorciada do médico da capitania e morava só.O meu convite estava repleto de whisky embriagando-me de coragem. Mesmo assim, evitando cair, ela aceitou.Veio como se ali estivesse toda a aristocracia galega e seu perfume derrubou o meu espírito levantando o resto...Sentamo-nos.Na minha frente cruzou as pernas que me estontearam e eu não pude deixar de me referir a esse pormenor.Revelou-me ter sido "azafata" aeromoça da Ibéria onde era conhecida como "La miss de las piernas bonitas". Só podia ser. Pensei eu!As espanholas não são de rodeios, delongas, evasivas ou contornos verbais quando se pensa em sexo ou isso está inserido previamente no contexto de qualquer encontro entre um homem e uma mulher.E fui direto ao assunto com meu espanhol do bairro alto:- "Mi gustaria hacer amor con usted". E ela de pronto: "Me encantaria tambien"! E "pimba" que já é tarde...Como sempre nestas ocasiões a higiene é imperiosa. Tomou um banho de sais e espuma.Minha expectativa fazia um motor no meu peito. Tenho a impressão que os vizinhos ouviam o meu coração bater!E outros ruídos ecoaram para os lados de lá das águas da baía!Foi tudo ilusão ou melhor: foi tudo uma desilusão!Aos meus olhos um corpo de concepção ruinosa onde a celulite se espalhava até aos joelhos, deixando abaixo desse ponto, apenas o rótulo daquilo que teria sido uma "azafata" rainha das pernas bonitas da Ibéria!Mas eu era o Casanova dos pobres e como tal me manifestei.Quis gritar pelo meu pai pedindo socorro mas vi seu rosto rindo despregadamente na minha cara de desespero!Deitei-a na cama. Antes de apagar a luz ainda pude ver algo entre suas pernas como uma carranca judiando de mim.E investi como um herói que luta pela guerra dos outros...oooooooProcurem noutra página,outro post, as mentiras da Dolores...
Texto sem vergonha de
Manoel Carlos
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